terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Watson, uma grata surpresa vinda de Brasília

Watson (2010), mais um dos bons discos de rock lançados no país ano passado

O rock produzido no Brasil vive um momento especial. 2010 foi um ano farto em bons lançamentos e algumas gratas surpresas, vide Apanhador Só, Holger, Garotas Suecas, A Banda de Joseph Tourton, entre outros. Com a mente e os ouvidos abertos e sem se deixar envolver por algumas coisas que MTV e afins tentam nos empurrar goela abaixo, encontra-se facilmente algumas pequenas jóias que bem poderiam fazer parte do playlist da turminha mais jovem. Pena não fazer.

É o caso da Watson, de Brasília. O disco de estreia do grupo candango flerta com o bom e velho rock nascido por lá no fim da década de 70, início de 80, sem deixar de soar contemporâneo e inovador. A semelhança vocal com FrejatAgora que se fala, quarta do disco é exceção a regra – é daquelas felizes coincidências que para nosso deleite não soam forçadas, mas tão naturais quanto o chimarrão o é para os gaúchos.

Em Asa Belha, faixa que abre o CD o voz grave lembrando o guitarrista do Barão Vermelho dá o toque especial para esta que, sem dúvidas, é uma das melhores canções de rock feitas por uma banda “made in Brasil” no ano que se foi. Tente não ser fisgado por ela. O disco segue com a mais visceral Quitinete e mantém a média nas duas seguintes: Notícia do dia três e a lentona Agora que se fala.

Watson, eleito pelo Correio Braziliense como melhor disco de rock brasiliense de 2010

Darwinismo, outro destaque, lembra o saudoso Nirvana na parte final. A influência da Seatle do início dos anos 90 volta com força na faixa seguinte: Todo mundinho tem seu fim, esta com um quê de Pearl Jam do álbum Ten. Pra lá de agradável e bem vinda.

O instrumental se torna épico em Bolero enquanto, que em Tupanzine, o riff inicial deflagra a influência de Pixies no som do grupo. Guitarras mezzo limpas, mezzo sujas, com o adicional de possuírem, todas as 12 faixas, letras inteligentes e algumas estrofes de impacto como: “Na lanchonete gordura e coca e o cheiro forte de armação sempre aos domingos eu como a mesma ração e não vale a pena” (Darwinismo) e “Passe o teus lábios nos meus ombros, que é no meu gosto salgado, que eu te encanto, mesmo eu querendo ser francês” (Bolero).

No entanto o melhor de tudo ainda está por vir. Emitivi apresenta é um petardo. Um soco no estômago de uns e outros que se vendem e compram de modo descarado o sucesso, custe o que custar e doa a quem doer. Abre caminho para outra pequena obra prima, Eu quero envelhecer, uma das melhores. Grande disco. Um nome para se anotar e guardar na carteira. Em 2011, eles prometem mais. Pelo twitter, em 31 de dezembro, a banda anuncia clipe, novo EP e espera muitos shows pelo país neste ano. 

Com toda certeza, a colheita será boa. O reconhecimento está em todo lugar.

Aumenta o volume:
Watson "Emitivi apresenta", ao vivo no Conic em Brasília

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