"Discos que você precisa ouvir em vinil": Uriah Heep, Demons And Wizards (1972) |
As vésperas do fim de 2010 postei aqui no blog um texto falando do vinil. Anunciei na oportunidade a inauguração de um seção para falar de alguns LP´s que merecem ser ouvidos no formato. Com direito a virar o lado e tudo o mais. Depois postei outro texto em homenagem a David Byron, um dos grandes cantores do rock em todos os tempos, mas infelizmente desconhecido da maioria.
Dia desses inclusive, comentei com meu irmão, já que virou rotina a realização de shows de artistas da velha guarda do rock em Porto Alegre e no Brasil, como seria legal se o velho Byron estivesse entre nós e pudesse nos presentear com uma apresentação solo, hoje com seus sessenta e uns em terra brasilis. Infelizmente, esta hipótese não passa de um sonho impossível. Byron partiu deste mundo aos 38 anos em 1985, já debilitado pelos excessos com o álcool.
Da discografia do Heep com David nos vocais, confesso ser difícil escolher alguma especial, principalmente para inaugurar uma seção cuidadosamente batizada como “discos que você precisa ouvir em vinil”. A exceção do Return to Fantasy de 1975, do primeiro, Very Eavy...Very Umble de 1969, e do Magicians Birthday de 1972 ouvi os outros quatro lançados pela banda com Byron nos vocais no velho toca discos do meu pai. Optei pelo Demons and Wizards, 1972, não por ser meu preferido ou por considerá-lo o melhor dos discos do Heep.
Sempre tive um apreço diferenciado pelo High and Might, 1976, último com David. Misty Eyes e Weep in Silence são músicas que parecem ganhar vida própria quando tocadas em LP. Look at Yourself tem July Morning e seus 11 minutos, Sweet Freedom, Stealin, Magicians Birthday, Sunrise , Salisbury , Lady in Black. Afora isso, sempre me perguntei como soaria Your Turn to Remenber do Return to Fantasy quando tocada numa pick-up de vinil. Difícil escolher.
Demons and Wizards nasceu quando o Heep estava no auge de sua capacidade criativa. Lee Kerslake (posteriormente viria a gravar com Ozzy Osbourne o álbum Blizzard of Ozz) e Gary Thain, bateria e baixo respectivamente, consolidavam-se na banda, tornando o grupo uma muralha de peso, melodia e, algumas doses de ousadia. Byron vivia um momento especial, cantando com maestria. As vozes dobradas ao longo deste LP são um primor. Ken Hensley e Mick Box acertaram a mão em composições irreprensíveis que pouco depois se tornariam hits, algumas delas, obrigatórias nos shows da banda até hoje, vide “The Wizard” e “Easy Livin”.
Hensley, Box, Thain, Byron e Kerslake |
Lado A
“The Wizard”, faixa de abertura, a propósito é uma pequena obra de arte. Letra e música. É o abre-alas da banda abordando temática fantasiosa em suas letras. Fez escola. Blind Guardian, Gamma Ray e outros que o digam. A canção beira os 3 minutos e ainda assim apresenta momentos instrumentais distintos, ora acústico, ora progressivo, ora épico. As vozes de David Byron esbanjam técnica e um apuro refinado, o que acaba sendo a tônica em todo disco. A progressiva “Traveller in time” e a meteórica “Easy Livin” quase tiram faíscas da agulha.
Baixo e bateria fazem a cama para as cirúrgicas intervenções de teclado e guitarra. Impossível ficar indiferente à “Circle of Hands”, última do Lado A. Em seus 6’29” a canção flerta com o progressivo e com aquele hardão setentista de bandas como Deep Purple, Thin Lizzy e Grand Funk Railroad. O solo é um presente de Mick Box.
Lado B
O Lado B não possui tanta pompa, tampouco tantos clássicos. “Rainbow Demon” é arrastada com refrão marcante e teclados no melhor estilo John Lord. “All my life” outra com menos de 3 minutos no disco é marcada por uma introdução quebrada típica das bandas de rock na década de 70, solos em profusão e um David Byron contido, só até o refrão. Ai vira festa, e das boas.
O grand finale do LP fica a cargo da dobradinha “Paradise” e “The Spell”. A primeira é uma quase balada onde, novamente, Byron é o centro das atenções. A variação nas notas e a facilidade como canta, por pouco não faz passar batido a belíssima cozinha feita por bateria, baixo e teclado. Um primor.
A segunda, um rockão de primeira grandeza. Como um apanhado de tudo que a banda apresentou ao longo do disco: passagens instrumentais beirando o progressivo, “porradas” no melhor jeitão setentista e uma variação de vocais do jeito que só David Byron sabia fazer. O solo é de uma beleza pura, quase ingênua. O linha de teclado de Hensley emocionante. Quando não se espera mais nada, Gary Thain aparece por trás da densa camada instrumental com uma levada de baixo desconcertante. Épico. Apoteótico. Obrigatório.
Uriah Heep – Demons and Wizards
Lado A
The Wizard
Traveller in Time
Easy Livin’
Poet´s Justice
Circle of Hands
Lado B
Rainbow Demon
All My Life
The Spell
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